O fim do "voto de opinião"


Achei interessante o tema apresentado pelo professor Pierre Lucena, no blog Acerto de de Contas. Traz uma discussão que venho tendo com alguns amigos:


A eleição deste ano para o legislativo em Pernambuco marcou a absoluta derrota do “voto de opinião”. Entende-se como voto de opinião aquele voto cuja decisão do eleitor independe do seu líder político ou religioso. É aquele voto dado pelo eleitor que se identifica com o candidato, e que de certa forma tenha acompanhado o trabalho ou proposta do candidato.

A bancada de Pernambuco, especialmente na Câmara Federal até 1990, foi marcada por vários expoentes, tanto da situação como da oposição, que não se elegiam com o chamado voto de estrutura. Sua voz e mandato garantiam a sua eleição.

Basta dizer aqueles que se elegeram desta forma: Cristina Tavares, Maurílio Ferreira Lima, Fernando Lyra, Roberto Freire, Egídio Ferreira Lima, Roberto Magalhães, José Tinoco, Osvaldo Lima Filho, sem falar em Jarbas e Arraes, que tinham perfil majoritário já consolidados.

De lá pra cá, a degradação do processo eleitoral foi completa. Hoje é praticamente impossível um candidato se eleger apenas com o “voto de opinião”.

Outro fator importantíssimo fez com que isso acontecesse: o crescimento exponencial da votação em função da urna eletrônica. Arraes teve 25% dos votos válidos para deputado-federal em 90 com 330 mil votos. Neste ano, Eduardo da Fonte teve os mesmos 330 mil votos, e ficou com 7,5% dos votos.

O que acontecia é que os mais escolarizados votavam corretamente na cédula de papel e elegia seus representantes, e os menos escolarizados votavam nulo ou deixavam em branco. Na prática a votação dos mais escolarizados ficou na mesma, e os mais suscetíveis ao voto de estrutura na eleição proporcional, que são os menos escolarizados, cresceu bastante. Basta ver o exemplo de Paulo Rubem, que ficou com a última vaga, ainda dependendo da votação de um ficha-suja, com 41 mil votos, e comparar com Maurílio Ferreira Lima, que teve 17 mil votos em 1990, e se elegeu pelo PMDB.

Fonte: Blog Acerto de Contas

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