Como estaria Chico Science...?

Faz hoje exatos 20 anos que um acidente de carro desviou Francisco de Assis França Caldas Brandão (13 de março de 1966 – 2 de fevereiro de 1997) da trilha de sucesso que o artista – conhecido pelo nome artístico de Chico Science – percorria há somente dois anos. Science saiu de cena quando faltava pouco mais de um mês para festejar 31 anos de vida. Como estaria hoje o mentor da Nação Zumbi, banda que foi a pedra fundamental no Mangue Beat, movimento que recolocou Pernambuco no mapa musical do Brasil a partir de 1994?

É provável que Science tivesse iniciado carreira solo nos anos 2000, porque ele era maior do que a Nação Zumbi. Contudo, justiça seja feita, a Nação soube seguir caminho próprio sem Science. Ao contrário do grupo carioca O Rappa, que pareceu ter se transformado em clone de si mesmo após a saída do baterista e (essencial) letrista Marcelo Yuka, a Nação continuou relevante por conta de músicos como o baterista Pupillo (requisitado como produtor) e o guitarrista Lúcio Maia. A ponto de estar preparando, neste ano de 2017, nada menos do que dois álbuns, um com composições inéditas e outro com regravações de músicas alheias.


Como legado, Science deixou dois álbuns gravados com a Nação Zumbi,
Da lama ao caos (1994) e Afrociberdelia (1996), ambos essenciais para a sedimentação e expansão do Mangue Beat, movimento do qual, mais do que o porta-voz, o olindense Science foi o cérebro mais elétrico e inquieto. Se tivesse permanecido em cena, o mangueboy teria lutado para ampliar o público da Nação, banda inicialmente mais cultuada do que propriamente ouvida. O que, por triste ironia do destino, começou a acontecer sobretudo após a saída de cena de Science.

Fincado nas raízes rítmicas de Pernambuco, mas com as antenas ligadas no som do mundo, Science foi um visionário que enxergou a conexão do Recife (PE) com o universo pop. Vinte anos após a morte do artista, Science talvez fosse nome importante na cena mundial. Talvez estivesse gravando um disco com sucesso da MPB que adorava ouvir. Mas o certo é que o legado de Science frutificou. Até hoje a cena musical pernambucana vive uma efervescência que, sem Science, talvez nem existisse. Ou não fizesse eco. O fato é que Chico Science vive!


por Mauro Ferreira

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