Outro dia, numa noite insone e um café quase frio, me peguei fuçando umas anotações antigas. Aquelas que a gente faz sem compromisso, só para aliviar o peso dos pensamentos — que, no meu caso, são muitos. São rápidos, são loucos, são desconexos. Mas, curiosamente, quando me dou o trabalho de revisitá-los, eles se encaixam como peças de um quebra-cabeça que só eu entendo. Pelo menos é o que eu gosto de acreditar.
Sou um cara movido a pensamentos, sonhos e desejos. Mas, principalmente, a pensamentos. Eles me invadem sem pedir licença, me empurram para mundos que ainda nem existem, me desafiam a ser mais, a querer mais, a imaginar mais. É cansativo, às vezes. Libertador, quase sempre.
Enquanto relia aqueles rabiscos do passado, meu pensamento — como de costume — ganhou asas. Voou longe, atravessou momentos, memórias, pequenos sonhos esquecidos na pressa dos dias. E então pousou numa pergunta simples, mas de uma profundidade que quase afoga: qual palavra me define?
Fechei os olhos e tentei buscar uma resposta. Vieram muitas: teimosia, fé, inquietude, coragem, dúvida. Todas legítimas, todas com algum pedaço de mim. Mas uma palavra, entre todas, bateu mais forte no peito, como quem pede para ser ouvida: perseverança.
Perseverança não é glamour. Não é medalha no peito nem discurso bonito. É tropeçar vinte vezes no mesmo caminho e, ainda assim, insistir em andar. É acordar em dias cinzentos e apostar que o sol ainda vai aparecer. É ter vontade de chorar e não conseguir, mesmo assim, seguir sorrindo para o mundo.
A vida, aprendi, é para os que insistem. Para os que carregam no bolso uma fé silenciosa de que tudo, de alguma maneira estranha, vai dar certo. E se não der, a gente refaz o plano, muda a rota, mas nunca — nunca — para de caminhar.
No fundo, acho que sou isso: um amontoado de pensamentos desordenados, sonhos meio tortos e uma coragem teimosa de continuar. Um eterno aprendiz da arte de perseverar.
E você? Já parou para pensar qual palavra te define?
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