Hoje me deu vontade de escrever. Não para falar de reuniões,
pautas ou projetos — disso a gente já falou muito, entre um passo de coco, seu
tradicional pulinho e uma gargalhada solta ao som do ganzá. Escrevo para
celebrar você. E, ao mesmo tempo, agradecer.
Você sempre foi muito mais do que um artista popular. Foi
bússola, tambor, correnteza. Mestre de muitos, amigo de tantos, referência de
todos. E no meu caminho, especialmente no tempo em que estive à frente da
Secretaria de Turismo e Cultura do Paulista, você foi farol. Me ensinou a
importância de ouvir o batuque do povo, a valorizar o que nasce da terra e do
terreiro, e a entender que cultura não se governa: se vive, se partilha, se
respeita.
Foi ao seu lado — nos encontros, nas rodas, nas conversas na
sua casa, nas caminhadas pelo município — que aprendi que o verdadeiro poder
está no afeto e na memória. No modo como você contava suas histórias, contava
também a história de um povo. A cada conto seu, a gente ria, se emocionava,
aprendia. E o mais bonito: você nunca separou a poesia da prática. Você viveu e
vive o que canta. Um verdadeiro griô do coco e da cultura popular.
Zeca do Rolete, seu nome já é lenda. Não só pela sua trajetória artística, mas pela generosidade com que formou gerações. Você plantou coquistas e fazedores de cultura em cada canto desse chão. Fez escola sem precisar de quadro ou giz. Sua pedagogia é do corpo que gira, da palma que bate, do olhar que acolhe.
Me orgulho imensamente de ter caminhado contigo. De ter sido seu parceiro, seu secretário, seu fã. Me orgulho de cada passo dado ao seu lado, cada projeto que teve seu toque, cada ação que carregou a essência da cultura popular — não aquela que sobe em palcos, mas a que nasce no coração do povo.
Só ficou faltando uma coisa, meu amigo: a caranguejada. Aquela prometida,
sonhada, sempre adiada caranguejada. Mas tudo bem. A gente ainda arruma tempo. E se não for nesta vida, que seja numa roda de coco do além, com Mestre Salustiano no rabecaço, Lia no canto, Baracho na roda e você sorrindo com aquele chapéu de palha torto, me esperando com o sorriso no rosto e o rolete de cana na mão.
Obrigado, Seu Zeca. Por tudo que foi, que é, e que continua
sendo na memória viva da nossa gente. Paulista, Pernambuco e o Brasil são
maiores porque você existe.
Com afeto, admiração e saudade.
Está encantado e vivo pra sempre nos nossos corações, só quem sentiu Zeca do Rolete entende o seu tamanho como artista e ser humano,obg por tudo mestre👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽❤️🌻
ResponderExcluirZeca sempre foi e sempre será o melhor conquista do paulista
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