Faz 80 anos que o céu de Hiroshima foi rasgado por um clarão. Naquele 6 de agosto de 1945, o tempo pareceu parar — como se o mundo prendesse a respiração diante do impensável. Não era só uma cidade que se desfazia em silêncio, poeira e destroços. Era a humanidade que se via diante de si mesma, assustada com o que era capaz de fazer.
Ali estavam crianças sem voz, meninas sem horizonte, mulheres com futuros interrompidos. Mas também estava o espanto. A bomba atômica não destruiu apenas casas e ruas — ela rompeu certezas, dividiu a história em antes e depois. A ciência, que prometia progresso, revelava agora sua face mais sombria: a de um poder que podia apagar tudo com um botão.
Hiroshima virou símbolo. De destruição, sim — mas também de alerta. A Era Atômica começava com um estrondo que ecoaria por décadas. E o mundo, desde então, tem vivido entre a tensão e os tratados, entre a diplomacia e a ameaça.
Mas há algo de profundamente humano na reconstrução. Dos escombros de Hiroshima surgiu mais do que concreto: nasceu uma vontade. De paz. De convivência. De não repetir. A cidade se ergueu como uma lembrança viva de que é possível recomeçar — e de que a paz não é ausência de conflito, mas presença de respeito.
O mundo hoje, 80 anos depois, ainda se equilibra entre diálogo e dominação. Ainda tenta entender o que fazer com o próprio poder. Hiroshima deve servir como espelho — não apenas para lembrar, mas para compreender. Para que a vida esteja sempre acima da ambição. Para que o futuro não volte a ser sacrificado em nome da guerra e da ambição.
Que os próximos 80 anos sejam de reconstrução — de pontes, não de muros. E que a memória de Hiroshima não pese como lamento, mas inspire como um compromisso renovado com a paz, com o diálogo e o respeito.
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