
Para tomar às ruas e acuar o governo, o MFA utilizou um código cheio de lirismo e poesia. Exatamente às 00:20h de 25 de abril, a Rádio Renascença colocou no ar a música de Zeca Afonso “Grândola, vila morena”, cujas letras falavam em fraternidade, igualdade, e dum estranho lugar onde “O povo é quem mais ordena”.
Quando o dia amanheceu o Terreiro do Paço já estava ocupado sem ser dado um só tiro. Os lisboetas, espantados, começaram a se aproximar dos tanques e dos caminhões. Não sabiam bem do que se tratava. Que seria aquilo? As armas não apontavam contra eles mas sim contra os prédios do arcaico regime. A euforia da multidão então começou. As vendedoras de flores tiveram um gesto espontâneo e que deu nome a vitoriosa revolução: enfiavam cravos vermelhos na ponta dos fuzis.
O povo, endoidecido pela súbita lufada de liberdade, subia nos tanques e abraçava os soldados. Mulheres, crianças, velhos, todo mundo saiu de casa para celebrar aquele acontecimento extraordinário. A Lisboa dos tristes fados, naquele dia tornou-se a cidade mais alegre de toda a Europa.
Fonte bibliográfica: "A Construção da democracia em Portugal" de Kenneth Maxwell e "A Revolução dos Cravos" de Lincoln Secco.
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